Rabo de Galo, é um drink que muitos torcem o nariz só de ouvir o nome, mas qual o motivo do preconceito? O cocktail é incrivelmente popular e provavelmente o drink mais bebido no Brasil, diversos botecos, padarias e barracas de rua servem ele desde sua invenção em 1950 na cidade de São Paulo. 

Conversamos com Chris Carijó bartender do bar Negroni que nos contou como o drink foi criado, e o curioso desta história é a origem do nome Rabo de Galo. “A Cinzano criou o Rabo de Galo para uma campanha publicitária logo em sua chegada ao país.”

A ideia era divulgar a mistura do Cinzano com um sabor bem brasileiro, por isso, a ação muito criativa ensinava os consumidores a equilibrar o sabor da bebida italiana com a nossa cachaça, na época não existia um nome para a bebida que era apenas divulgada como cocktail de Cinzano, como poucas pessoas conseguiam pronunciar, uma tradução ao pé da letra mudou completamente a história e a popularidade da bebida Rabo(tail) de Galo(cock).   

Chris Carijó – Foto Joana Falconi

“Com certeza o Rabo de Galo, dos drinks brasileiros, é o que mais tem chance de se tornar um clássico mundial, juntamente com a caipirinha e quem sabe até o Rabo de Galo Carijó” comenta rindo Chris, que criou uma versão autoral do drink. O Rabo de Galo Carijó, é um dos sucessos do bar Negroni em São Paulo, a bebida é destaque do cardápio e já recebeu até prêmio. No bar chamado de Negroni, não é nenhum espanto o Rabo de Galo fazer sucesso, afinal o nome do local sugere a apreciação de drinks mais fortes.

“O brasileiro começou a apreciar Negroni em meados de 2014 foi então, com essa ascensão que o Rabo de Galo ganhou destaque em bares dedicados a drinks clássicos e autorais, o Rabo de Galo segue essa linha de bebida forte, encorpada e amarga”.   

O drink que leva seu nome, Rabo de Galo Carijó, foi inspirado segundo Chris em sua própria história de vida. “O primeiro ingrediente que nasceu nesse drink foi a laranja. Ainda pequeno eu ajudava meu tio na barraca da laranja da feira, quando jovem eu  trabalhei como barista e mais tarde tive um encontro com a cachaça e me apaixonei.

Chris  criou uma infusão de cachaça, café e laranja, e é esta cachaça que ele utiliza em seu drink, porém outro detalhe é a proporção, no Rabo de  Galo Carijó, ele resolveu cortar um pouco do Cynar – que pode substituir o Cinzano – e colocou um pouco de Vermute. “O resultado foi um drink mais fino, com um equilíbrio de acidez e amargor que eu queria no drink.” completa Chris Carijó. 

Para entender o motivo de rejeição de alguns consumidores, perguntamos ao Chris se  ainda existe algum preconceito em bares que são especializados em coquetelaria com os drinks que levam bebidas como Cynar ou Campari em suas receitas e ele é confirmou. “Com Campari nem tanto. Na verdade o preconceito com o Campari vem de quem não curte muito amargor, que acha que se você colocar 10 ml de Campari num drink ele será extremamente amargo. Já ao Cynar, a gente vê um preconceito, mas nós tentamos quebrá-la no balcão, explicando que é uma boa bebida, mas que é barata porque é fabricado aqui mesmo no Brasil. Agora o que eu vejo é o preconceito mesmo é drinks com cachaça. Isso porque o pessoal está acostumado com cachaça de baixa qualidade e ainda tomá-la e shot. Na cabeça das pessoas tomar um drink com cachaça boa te fará o mesmo mal do que aqueles 6 shots de cachaça ruim que ele tomou outro dia.”

A escolha da cachaça é fundamental no resultado do Rabo de Galo, Chris que é especialista do destilado, explica que ela é 50% do drink, por isso,  a escolha vai depender muito do que vc quer naquele dia: se quiser um Rabo de Galo mais adocicado, com mais aroma, pode escolher uma cachaça envelhecida em umburana. Se quer um mais seco, mais amadeirado e com mais corpo, pode-se escolher uma cachaça envelhecida em carvalho. Se quer algo mais leve e cítrico, uma cachaça envelhecida em jequitibá é a melhor escolha. Acho que a cachaça correta é difícil de falar. Porque o Rabo de galo é um drink versátil, justamente por causa desse leque de cachaças. O bacana é a liberdade brincar com ele, criando diversos nuances, trocando o tipo de cachaça e explorando os sentidos tanto em aroma quanto sabor.”

Por isso, a próxima vez que for ao bar Negroni, prove o Rabo de Galo Carijó, até lá faça você mesmo seguindo a receita original clicando aqui.


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