Afinal, existe uma forma correta de beber chope? Conheça a importância e as técnicas para obter um colarinho perfeito.
Era uma noite movimentada no Original, um dos bares mais tradicionais de São Paulo, conhecido pela excelência no serviço de chope. Wellington Castro, gerente de operações do local, observava com um sorriso discreto a movimentação dos clientes. Era comum ouvir pedidos variados: “Por favor, um colarinho alto” ou “Quero o meu sem colarinho”. Cada pedido refletia uma preferência única, mas poucos sabiam que a espuma no chope era explicada pela ciência.
Para Wellington, o colarinho é parte essencial da experiência de apreciação do chope. “Aqui, nós levamos o chope muito a sério,” afirma ele. No Original, o cuidado começa desde o recebimento dos barris, que são mantidos em uma infraestrutura controlada e refrigerada. A atenção meticulosa aos detalhes, como a regulagem de pressão e temperatura, a higienização da embalagem e até a posição da tirada, garante a qualidade excepcional da bebida. “Todos esses detalhes – que são muitos – levam a um conjunto que faz um chope ser perfeito. E, claro, o colarinho em uma proporção de 30% de chope é um deles,” complementa Wellington.
A Importância do colarinho no Chope
Rodrigo Louro, mestre cervejeiro e professor de cerveja, costuma dizer que o colarinho é muito mais do que um detalhe estético. “Essa espuma é composta principalmente por proteínas, açúcares e polifenóis presentes no malte e no lúpulo, além de dióxido de carbono (CO2) liberado durante a fermentação,” explica Rodrigo, destacando a complexidade química por trás de uma boa cerveja.
A mistura de gases de CO2 e Nitrogênio é um dos segredos do Original para deixar o chope líquido e, ao mesmo tempo, cremoso. No entanto, a presença ou ausência do colarinho é tema de debate entre os apreciadores de cerveja. Enquanto alguns acreditam que a espuma representa uma perda do precioso líquido, outros defendem que servir cerveja sem colarinho pode aumentar a sensação de barriga cheia devido ao maior consumo de CO2.
Independente das preferências pessoais, é inegável que o colarinho possui um papel fundamental. Esteticamente, um colarinho bem formado é valorizado por muitos apreciadores, indicando a qualidade final do produto e a habilidade no serviço da bebida. Rodrigo destaca que a presença da espuma ajuda a manter a carbonatação e o frescor do chope, além de prolongar a retenção dos aromas voláteis, intensificando a experiência sensorial ao beber.
O colarinho no berço da Pilsen
Na República Tcheca, berço da mundialmente famosa cerveja Pilsen, a cultura cervejeira é uma parte integral do cotidiano e reflete uma tradição rica e diversa. Os tipos de serviço de colarinho são variados, cada um oferecendo uma experiência sensorial única e valorizada pelos apreciadores locais. O “Hladinka“, por exemplo, é um estilo de serviço que apresenta pouco colarinho, permitindo que o líquido brilhe e mostre sua clareza e frescor. Em contraste, o “Mlíko” é servido com um colarinho espesso e cremoso, quase como uma sobremesa líquida, proporcionando uma textura suave e um visual atrativo.
Essas variações, que também incluem o “Šnyt“, uma versão intermediária com uma quantidade moderada de espuma, e o “Šnytovák“, que ajusta a quantidade de colarinho conforme a preferência do cliente, demonstram a flexibilidade e a importância cultural do colarinho na cerveja tcheca. Cada estilo não só altera a estética da bebida, mas também influencia o aroma, a sensação na boca e a experiência geral de degustação, tornando a cerveja um elemento central na socialização e nas celebrações da vida cotidiana na República Tcheca.
O colarinho e a experiência sensorial no Original
Enquanto Wellington observava o bar movimentado, ele pensava na arte e na ciência que envolvem o serviço de chope. No Original, não faltam cuidados para garantir que cada copo seja uma experiência única. “Temos o chope black, que sai praticamente sem líquido para chegar na mesa com um efeito visual belíssimo. Assim, o cliente já começa a beber na forma cremosa e isso dá uma sensação de frescor,” explica ele, com orgulho.
Assim, para aqueles que pensam que a espuma é apenas um detalhe estético, a ciência e a cultura provam que o colarinho é muito mais. É uma parte integral da experiência de degustar um bom chope, valorizado não apenas por sua aparência, mas por sua contribuição para a qualidade e o prazer de cada gole. E, no fim das contas, é essa combinação de ciência, arte e tradição que faz cada chope bem tirado ser tão especial.
Conheça cinco lugares em São Paulo que levam o chope tão a sério quanto o Original:
Original
Inaugurado há quase três décadas, o Original inspirou toda uma geração de bares. Isso se deve em parte ao chope, que acumula prêmios em publicações especializadas. Além dos tradicionais Claro (R$12) e Black (R$13), há como opção o artesanal Session IPA (R$20, com 240ml). Para petiscar, vale provar a Besteira à Milanesa (R$63), uma porção de canapés de milanesa com queijo derretido. Há também o Croquete de Pernil, que vem recheado com queijo (R$49, seis unidades).
R. Graúna, 137- Moema, São Paulo – Telefone: (11) 2299-5336 | Horário de funcionamento: segunda a quarta das 17h à 0h, quinta das 17h à 1h, sexta das 12h às 2h, sábado das 12h às 2h e domingo das 12h às 19h | @baroriginal
Câmara Fria
O bar, escondido em cima do Original, é o primeiro speakeasy de São Paulo especializado em chope artesanal. A carta de cervejas traz opções brasileiras, belgas, alemãs e argentinas, entre elas a Leffe Blonde (R$30 com 330ml) e a Maniacs IPA (R$31 com 473ml). Para acompanhar, uma boa pedida é a Calabresa Artesanal (R$43), servida com cebola roxa, picles, mostarda dijon e pão caseiro assado na hora. Dos sanduíches, o CF Dog (R$38) é feito com salsicha defumada na massa de pizza com molho de tomate levemente apimentado, cheddar inglês, bacon, relish de pepino e mostarda escura.
R. Graúna, 137 – Moema, São Paulo – Telefone: (11) 2299-5336 | Horário de funcionamento: terça a quarta das 18h à 0h, quinta das 18h à 1h, sexta e sábado das 18h às 2h | @camarafria
BEC Bar
O bar possui em seu menu uma seleção diversa de chopes artesanais, entre eles o Burgman Lager (R$17 com 475 ml) e BEC West Coast (R$28 com 475 ml). A casa também conta com torneiras rotativas que podem ser consultadas com o garçom. Para acompanhar qualquer um deles, vai bem uma porção de petiscos como o Cupim Casqueirado (R$77) e as Tulipinhas Apimentadas (R$42) – estas, feitas com coxinhas da asa empanadas, molho extra forte e queijos servidos à parte. Para quem prefere os clássicos, também é possível pedir os pastéis de queijo (R$24), carne (R$24) ou camarão (R$29). Os pastéis são servidos na porção de quatro unidades ou na porção mista com duas unidades de cada (R$34).
Rua Padre Garcia Velho, 72 – Pinheiros, São Paulo – Telefone (11) 99660-2161 | Horário de funcionamento: quarta a sexta das 18h à 01h, sábado das 12h à 01h, domingo das 12h às 19h | @bec_bar
Gaarden Bar
O bar dedicado às boas lupuladas traz em seu cardápio a Hoegaarden (R$17 com 250 ml), preparada com sementes de coentro e raspas de casca de laranja. Outras opções de chope são Avós Cool Pils (R$14 com 250ml), Avós Vó Maria e Seu Lado Zen (R$16 com 250ml) e Avós Cool IPA (R$19 com 250ml). No capítulo das comidinhas, o Torresmo New Style (R$39) vem com molho ponzu e o Delícias de Frango Crocante (R$55), uma porção de tulipas e coxinhas de frango crocantes com molho agridoce da casa.
Rua Fernão Dias, 672 – Pinheiros, São Paulo – Telefone (11) 91744-2138 | Horário de funcionamento: terça a quinta das 12h às 15h e das 17h às 00h, sexta das 12h às 15h e das 17h à 01h, sábado das 12h à 01h e domingo das 12h às 19h | @gaardenbar
Braca Bar
Descendente do Bracarense do Rio, a casa paulistana traz em seu DNA os sabores dignos da botecagem e um chope geladíssimo. Para aproveitar em um dia quente, vale provar o tradicional Chopp Brahma Claro (R$11,90 com 300ml) ou o saboroso Brahma Black (R$14,90 com 300ml).
R. Doutor Renato Paes de Barros, 908- Itaim Bibi, São Paulo – Fone: (11)3045-7913 | Horário de funcionamento: segunda-feira das 11h45 às 15 hrs, de terça-feira ao sábado das 11h45 às 23hrs, e domingos e feriados das 11h45 às 19hrs | @bracabar
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