Bartender curitibano do Ponto Gin surpreende jurados com abordagem ousada e representará o Brasil na final mundial no Canadá
Por Bruno Martins
No tradicional Bar dos Arcos, em São Paulo, o silêncio era quase palpável enquanto os finalistas aguardavam o anúncio do vencedor do World Class Brasil 2025. Quando o nome de Ariel Todeschini ecoou pelo ambiente, o bartender curitibano do Ponto Gin não conteve a emoção após quatro anos de tentativas. Esta vitória não representa apenas um título, mas a coroação de um caminho persistente e uma evolução constante na arte de criar experiências líquidas memoráveis.
A competição que celebra mãos humanas por trás dos coquetéis
Em sua 16ª edição, o World Class, principal campeonato de coquetelaria do mundo promovido pela Diageo, trouxe o conceito #HandcraftedByHumans, reafirmando que, mesmo em tempos de avanços tecnológicos, o elemento humano continua sendo o diferencial na criação de bebidas extraordinárias. O torneio valoriza não apenas habilidades técnicas, mas também as narrativas e conexões emocionais que transformam o simples ato de beber em uma experiência sensorial completa.
A jornada começou com 50 profissionais selecionados em abril, passou por desafios eliminatórios que definiram os 12 semifinalistas em maio, até chegar aos seis finalistas que disputaram o título na grande final realizada em 10 de junho.
Ousadia calculada: A estratégia vencedora
“Esse ano decidi ousar mais, arriscar experiências diferentes para os jurados e ver isso ser reconhecido foi incrível“, revela Todeschini, que surpreendeu a banca avaliadora com abordagens não convencionais. Entre suas criações mais impactantes estava um coquetel com Johnnie Walker Blue Label harmonizado com café quente – uma combinação que poderia soar herética para puristas, mas que evidenciou sua capacidade de equilibrar riscos e sabores.
No desafio dedicado à tequila Don Julio, o bartender curitibano quebrou barreiras literais ao tirar os jurados de trás do balcão e convidá-los para uma roda de mate, criando uma experiência cultural que transcendeu o próprio drink. “Foi divertido demais fazer isso“, comenta o campeão, que encontrou na autenticidade e na valorização de rituais brasileiros um diferencial competitivo.
Uma Final de Três Atos
A disputa final foi estruturada em três etapas desafiadoras. Pela manhã, os competidores enfrentaram o Don Julio Challenge, seguido pelo Johnnie Walker Blue Label Challenge no início da tarde. O clímax veio com o temido Speed Round noturno, onde cada bartender precisou criar coquetéis sob demanda em apenas 3 a 5 minutos – um teste de agilidade, precisão e criatividade sob pressão.
Competindo contra talentos como Gabriel Bueno (consultor independente também de Curitiba), Jairo Gama (Vista e Selvagem, São Paulo), Luana Galdino Mendes da Silva (Bar dos Cravos, São Paulo), Lucas Santos (Voar, Arvo e Candelária Bar, Recife) e Michell Agues (Bar Skull, Rio de Janeiro), Todeschini se destacou pela combinação de técnica apurada e abordagem inovadora.
Do cotidiano para o pódio mundial
Para Todeschini, a preparação para a final mundial em Toronto, Canadá, que acontecerá entre setembro e outubro, já começou. “Tenho para mim que o campeonato é um reflexo do trabalho diário. Quanto mais treina para melhorar o dia a dia, maior é o resultado em um momento de desafio“, explica o bartender, revelando que sua filosofia de excelência constante foi determinante para a conquista.
O Brasil no mapa global da coquetelaria
Com a vitória de Ariel Todeschini, o Brasil reafirma sua posição de destaque no cenário internacional da coquetelaria. O país, que possui uma cena de bares em crescente reconhecimento global, levará a Toronto não apenas um profissional tecnicamente impecável, mas um embaixador da criatividade brasileira e da nossa capacidade de combinar tradição e inovação.
O World Class 2025 promete ser uma celebração de talento, técnica e narrativas líquidas que transcendem fronteiras. E, pela primeira vez após quatro tentativas, Ariel Todeschini carregará as cores brasileiras nesta que é considerada a mais prestigiosa competição de bartenders do mundo – um resultado que reflete não apenas seu talento individual, mas também a maturidade e sofisticação da coquetelaria nacional.
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