Cafira e Mario Panezo unem sabores brasileiros e técnicas contemporâneas em menu que celebra a biodiversidade nacional.

A Pinacoteca de São Paulo acaba de ganhar um novo astro que não está pendurado em suas paredes: o Fitó Contemporânea. Entre obras de arte consagradas, surge um espaço onde pratos viram telas e ingredientes brasileiros são as tintas de uma experiência que desperta todos os sentidos. É a prova viva de que a gastronomia nacional finalmente conquista seu merecido espaço no altar da arte paulistana, oferecendo aos visitantes uma nova forma de sentir e interpretar o Brasil através do paladar.

O Fitó não se apresenta como um anexo da Pinacoteca, mas como uma extensão natural do museu, onde a expressão artística apenas muda de suporte – da tela para o prato.

O grupo Fitó, comandado pelos empresários Cafira e Thomaz Foz, criou um espaço onde cada elemento dialoga com a proposta museológica. O ambiente traz madeira em vigas expostas que aquecem visualmente o salão, enquanto a luz natural invade o espaço através de amplas janelas, criando um diálogo entre interior e exterior.

Biodiversidade no prato

Nas mãos dos chefs Cafira e Mario Panezo, o menu do Fitó é uma narrativa da biodiversidade brasileira. Cada prato conta uma história sobre nossos biomas, produtores locais e técnicas culinárias que navegam entre tradição e modernidade.

A Favada Verde (R$47) é exemplo perfeito desta filosofia: feijão manteiguinha e favas frescas se encontram com a rusticidade da farofa de quiabo e a potência aromática do pesto de coentro. A textura macia das leguminosas contrasta com a crocância das castanhas, criando camadas de sabor que se revelam a cada garfada.

Já o Atum e Graviola (R$69) surpreende pela ousadia da combinação. O peixe cru, cortado em fatias finas como seda, absorve a acidez delicada do leite de tigre de graviola, enquanto a farofa de castanhas acrescenta textura e a pimenta de cheiro traz um calor sutil que complementa sem dominar o prato.

Atum e Graviola

O Carpaccio Sertanejo se destaca como uma verdadeira releitura das tradições nordestinas. Finas fatias de carne de sol, macia e com sabor intensificado pela cura, são servidas com aioli de caju tostado, que adiciona cremosidade e o sabor característico da castanha com suas notas terrosas e levemente adocicadas. O picles de maxixe, vegetal tipicamente brasileiro, acrescenta acidez refrescante e textura crocante. É um prato que homenageia o sertão em forma refinada, onde cada elemento evoca memórias do interior brasileiro enquanto surpreende com a sofisticação da apresentação.

Onde a tradição ganha sotaque contemporâneo

Entre os pratos principais, o Maria Isabel de Cordeiro (R$85) revela a habilidade da equipe em transformar preparações regionais em experiências refinadas. O arroz pregado, técnica tradicional do Nordeste brasileiro, serve de base para a carne de cordeiro de sol, de textura macia e sabor concentrado. O aioli de hortelã e cítricos acrescenta frescor, enquanto a cenoura avinagrada equilibra a intensidade do conjunto com sua acidez discreta.

Para os vegetarianos, o Falafel no Hommus (R$62) demonstra que a cozinha brasileira contemporânea sabe dialogar com outras culturas gastronômicas. O feijão manteiguinha substitui o grão-de-bico tradicional no hommus, enquanto o falafel de feijão fradinho é acompanhado por uma salada de arroz preto e vermelho, tudo coroado por um ovo frito de gema mole.

O Nhoque Braseado (R$84) talvez seja a expressão mais clara da abordagem do Fitó: a pacovan, variedade de banana verde, substitui a batata no nhoque, que é servido com um creme de moqueca e peixe escalfado. O resultado é uma releitura elegante de sabores tipicamente brasileiros, onde o amido tropical da banana encontra o perfume do leite de coco e do azeite de dendê presentes na moqueca.

Nhoque Braseado

Doce fecho para uma refeição memorável

As sobremesas no Fitó mostram a mesma atenção aos detalhes e às combinações inesperadas. A Torta de Limão (R$39) reinventa o clássico ao utilizar o limão cravo, mais aromático que o tahiti comum, e acrescentar um gel de coentro que corta a doçura do merengue com uma nota herbácea surpreendente.

O Cacau e Taperebá (R$45) merece atenção especial: o chiffon de chocolate, leve e aerado, serve de base para uma composição que inclui doce de leite, caramelo de taperebá (fruta amazônica de acidez pronunciada) e pele de banana da terra caramelizada. Cada colherada revela uma nova faceta da sobremesa, num jogo de texturas e sabores que vai do doce ao ácido, do macio ao crocante.

Cacau e Taperebá

A curadoria de vinhos que celebra a natureza

A carta de vinhos, assinada pelo chef Mario Panezo, revela a mesma filosofia que orienta a cozinha: valorização de pequenos produtores, respeito ao terroir e celebração da diversidade. A seleção prioriza rótulos naturais, orgânicos e de mínima intervenção, trazendo opções de vinícolas brasileiras, latino-americanas e europeias.

A curadoria cuidadosa de Panezo oferece harmonizações que respeitam a personalidade dos pratos, evidenciando a complexidade dos sabores sem ofuscá-los. Os sommeliers da casa estão preparados para guiar os clientes através desta seleção especial, sugerindo combinações que potencializam a experiência gastronômica como um todo.

Coquetéis que despertam sensações

A carta de bebidas acompanha a mesma filosofia de celebração dos produtos nacionais. Assinada pela mixologista Renata Adoración e pela chefe de bar Suellen Martins, a seleção de drinks traz ingredientes que remetem tanto à gastronomia brasileira quanto ao vizinho Bom Retiro, bairro de forte influência asiática.

O coquetel Missô Selvagem (R$55) ilustra esta abordagem: cachaça branca forma a base alcoólica, enquanto amaro e vermute tinto trazem complexidade. O diferencial vem do missô, da castanha-do-pará e do cacau selvagem, criando um drink que é tanto uma experiência de sabor quanto uma declaração de princípios sobre a mistura cultural brasileira.

Para os abstêmios, opções como o Acerola Gala (R$35) mostram o mesmo cuidado na elaboração: chá preto defumado lapsang souchong infusionado com acerola, finalizado com tintura de laranja e pimenta preta, resultando em uma bebida complexa e refrescante.

Um espaço para toda hora

Além do almoço e jantar, o Fitó Contemporânea oferece merendas, cafés e chás especiais em dois períodos: das 10h às 12h e das 16h às 18h, permitindo que visitantes da Pinacoteca possam desfrutar do espaço em diferentes momentos do dia.

Estamos há meses preparando cada detalhe do Fitó Pina Contemporânea. É um lugar onde a arte, a sustentabilidade e a brasilidade estão presentes nas mais variadas vertentes!“, afirma Cafira, evidenciando a paixão que move o projeto.

No Fitó Contemporânea, a gastronomia brasileira encontra sua expressão mais refinada, sem perder a autenticidade e o compromisso com a sustentabilidade. Cada visita à Pinacoteca agora pode incluir não apenas a apreciação visual da arte brasileira, mas também uma verdadeira degustação do Brasil em cores, texturas e sabores que celebram nossa identidade cultural.

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Fitó Contemporânea

Endereço: Av. Tiradentes, 273 - Luz, São Paulo - SP, 01101-010
Funcionamento: Domingo, segunda e quarta: das 10h às 18h. Quinta, sexta e sábado: 10h às 23h, terça-feira: Fechado
Instagram: @fitocontemporanea

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